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PAIS QUE BATEM, FILHOS QUE NÃO APRENDEM:

  • contato74663
  • 4 de jan. de 2017
  • 3 min de leitura

A COISIFICAÇÃO DA CRIANÇA E A INEFICÁCIA DAS AGRESSÕES FÍSICAS NA EDUCAÇÃO DOS FILHOS.

Educar crianças e adolescentes não é uma tarefa simples, embora a educação não se encerre no ambiente familiar, definitivamente é nele que se inicia. É graças a mediação da família que as pessoas a partir do nascimento passam a compor uma sociedade que já existia antes deles nascerem. A partir dela, aprenderão as primeiras regras, valores, e maneiras de se relacionar. Estes aprendizados familiares são muito importantes no processo de construção da personalidade e a depender de como acontecem, podem trazer benefícios ou malefícios à saúde dos ‘educandos’.

Na tentativa de não errar, muitos cuidadores, ‘herdam’ de seus pais a prática das punições físicas, para repreender comportamentos ‘inadequados’ de seus filhos/ tutelados, por crerem que àquele modelo violento segundo o qual foram disciplinados, contribuiu para que se tornassem cidadãos honestos e ‘de bem’, logo, acreditam que, se criarem seus filhos da mesma maneira, terão os mesmos resultados que seus pais tiveram. Então, bater nos filhos, passa a ser visto como algo natural no processo educativo.

As bases históricas que naturalizaram o ‘bater para educar’, vem de antes do Século XVI. Acreditava-se que a criança não deveria ser mimada, pois isto impediria sua formação ética e moral. Desse modo, ‘desvios’ deveriam ser punidos para manter o sujeito dentro das regras, e se tornasse um adulto responsável. Então, é possível inferir que o adulto daquele tempo, enxergava o não-adulto como um ‘investimento’ que precisava dar certo. A partir desta ótica, pode-se traçar um paralelo com a expectativa do dono do escravo para com o escravo. Uma vez comprado, o escravizado deveria ser do jeito que seu senhor determinasse. Seus desejos, vontades e modo de ser só eram respeitados se concordassem com os anseios de seu dono, caso contrário, apanhavam. Não havia, espaço para o diálogo, bater era socialmente aceito, encorajado, e tido como melhor opção para educar, fatores que infelizmente ainda sustentam a prática da agressão hoje em dia em muitos lares.

Atualmente, graças a diversas ciências, sobretudo à pesquisas em Psicologia, sabe-se que agressões físicas, principalmente na infância e adolescência, consideradas fases críticas da vida, podem gerar efeitos muito nocivos, sejam imediatos, ou posteriores, perceptíveis ao sujeito ou sorrateiros, tais como: Prejuízos na qualidade dos relacionamentos, danos neurológicos, reprodução de comportamentos violentos na vida adulta com seu cônjuge ou filhos/ tutelados, depressão, abandono escolar, danos na autoestima, sentimento de culpa, ideação suicida, dificuldades no envolvimento emocional, comportamentos agressivos, depressão, ideação homicida, engajamento em condutas marginais, uso precoce de drogas lícitas, consumo de drogas ilícitas, dificuldade de adaptação sexual, entre outros.

É indispensável pensar que crianças e adolescentes, não são ‘coisas’, logo não devem ser a extensão da vontade de seus pais. São sujeitos em desenvolvimento, e alternativamente as agressões, é fundamental que haja o diálogo, para ajuda-los a desenvolver autoestima, o que os afastará de psicopatologias, promoverá a saúde e a construção da cidadania.

REFERÊNCIAS: Del Priore, M. (2010). O cotidiano da criança livre no Brasil entre a Colônia e o Império. In M. Del Priore (Org.).História das crianças no Brasil (7a ed. pp. 84-106, ). São Paulo: Contexto. PATIAS, Naiana Dapieve; SIQUEIRA, Aline Cardoso; DIAS, Ana Cristina Garcia. Bater não educa ninguém! Práticas educativas parentais coercitivas e suas repercussões no contexto escolar. Educ. Pesqui., São Paulo , v. 38, n. 4, p. 981-996, Dec. 2012 . Available from http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1517-97022012000400013&lng=en&nrm=iso. access on 23 Oct. 2016. VENTURINI, Fabiola Perri et al. A família para crianças e adolescentes vitimizados. Família, Saúde e Desenvolvimento, [S.l.], dez. 2005. ISSN 1517-6533. Disponível em: <http://revistas.ufpr.br/refased/article/view/8028/5653>. Acesso em: 23 out. 2016. VYGOTSKY, L. S. A formação social da mente. Rio de Janeiro: Martins Fontes, 1996.

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